Notícias

1 03/07/2020 12:42

Boletim também aponta riscos de 'efeito bumerangue' com interiorização da doença, onde pacientes podem ser transferidos para capitais que já controlaram o crescimento de casos

O Comitê Científico do Consórcio Nordeste sugeriu que as prefeituras de Salvador, Feira de Santana, Itabuna e Teixeira de Freitas adotem o lockdown, com suspensão de atividades econômicas e restrição de circulação da população por locais públicos, para conter a propagação da Covid-19.

Nesta sexta-feira (3/7), os professores Miguel Nicolelis e Sérgio Rezende, que compõem o Comitê Científico, concederam coletiva virtual e explicaram os detalhes de boletim sobre a evolução do coronavírus nos nove estados que compõem a região.

Nicolelis afirmou que foi identificado um crescimento no número de casos em Salvador, o que, em conjunto com a taxa de ocupação de leitos de UTI para pacientes com a Covid-19, deixa o alerta vermelho ligado. “Basicamente estudamos Salvador por mais de um mês, seguindo a curva de infectados e a velocidade da ampliação de casos e de óbitos na cidade, assim como a variação da ocupação dos leitos de UTI. Tivemos várias oscilações, as vezes subia para 86%, descia para 80%, caia mais um pouco. Foi se consolidando em torno de 80% e vimos pela análise contínua que havia uma aceleração de casos e uma dinâmica que mostra que pode aumentar. Fizemos essa recomendação pela primeira vez, essa sugestão para Salvador. Temos crescimento de velocidade no boletim e vimos que Salvador deu uma guinada para cima, a ponto de ter encontrado a curva de Fortaleza, que está em descendente”, disse Nicolelis.

Em entrevista coletiva concedida nesta manhã, o prefeito da capital baiana, ACM Neto, informou que não teve acesso ao estudo do Consórcio Nordeste, mas ponderou que não há motivos para a adoção de um lockdown.

“Não estou sabendo e não estamos nos. Não considero essa recomendação como algo que deva gerar preocupação nessa cidade. As decisões da prefeitura têm sido tomadas por parâmetros científicos e técnicos. Se fizermos abertura antecipada, como eu disse ontem, poderemos explodir o número de casos. Mas o lockdown não depende de uma decisão exclusivamente da prefeitura, a palavra não é minha, a palavra final é do governo do estado. Mas não vejo motivos para lockdown e discordo dessa recomendação", afirmou o prefeito.

Segundo o estudo do Comitê Cientifico, a estratégia adotada pela prefeitura de promover medidas restritivas mais rigorosas em bairros da capital baiana já não surte o efeito esperado para evitar o crescimento de casos de coronavírus. Atualmente, a lista de áreas sob ação da gestão municipal inclui Pau da Lima, Coutos, Fazenda Coutos, Beiru/Tancredo Neves, Cabula, Cabula VI, Resgate, Imbuí, São Cristóvão, Santa Cruz, Pernambués, Saramandaia e Centro.

“Parece evidente que a abordagem de bloqueio seletivo de bairros da cidade, apesar de ter produzido uma desaceleração, não surtiu o efeito desejado de trazer a taxa de crescimento de casos de coronavírus a níveis decrescentes. Dado que a rede hospitalar de Salvador tem uma taxa de ocupação extremamente alta, este comitê julga como recomendável sugerir a instalação de um estado de lockdown na capital do estado da Bahia, nos moldes do que já foi realizado, com bons resultados, nas cidades de São Luís (MA) e Fortaleza (CE)”, pontua o estudo.

 

*G1

Rua Tiradentes, 30 – 4-º Andar – Edf. São Francisco – Centro - Santo Antônio de Jesus/BA. CEP: 44.571-115
Tel.: (75) 3631-2677 - A Força da Comunicação.
© 2010 - RBR Notícias - Todos os direitos reservados.